Colheita de qualidade
- Johnata Trindade
- 11 de jul. de 2017
- 3 min de leitura

Os tempos estão diferentes. Certamente se perguntarmos aos nossos pais/tios/avôs como era o mundo a 40 ou 50 anos atrás, sem dúvida alguma, ouviremos uma “fábula” completamente diferente do que vivemos e do que estamos acostumados a ver nos dias de hoje. As ruas mudaram de tamanho, os carros são inimaginavelmente superiores em quesitos como formato, força e beleza do que eram naquela época, as cores ficaram mais vivas, as roupas e estilos mais descolados... O cinema mudo não é o mais procurado pelos jovens, Charlie Chaplin não é mais o “mocinho protagonista” de todas as obras cinematográficas, Os Beatles não são mais a unanimidade das rádios, realmente, muita coisa mudou, mas algumas coisas permanecem iguais desde muito tempo.
Vivemos numa geração conhecida como “fast food”. Uma geração acostumada a querer tudo o mais rápido possível. Um tempo onde nos inquietamos com os três minutos de intervalo entre um bloco e outro do jornal, onde não conseguimos esperar numa fila por cinco minutos que já queremos sair correndo. Às vezes, os semáforos mais rápidos, sim, aqueles que “demoram” 30 segundos para abrir, já faz com que a paciência das pessoas se esgote. E com isso eu me deparo com uma situação super cotidiana pra quem está acostumando (ou se acostumando kkk) com o contexto da zona rural.
Em alguns fins de semana vamos para o sitio da família. Um momento onde buscamos fugir da correria do dia a dia, do trabalho cansativo, dos estudos monótonos, das viagens prolongadas e, juntamente com isso, desfrutar de um momento de comunhão com os amigos e os familiares. Desde a entrada até a chegada, nos deparamos com muitas árvores, pássaros, flores, mato e todas aquelas coisas que trazem um ar de tranquilidade, quebrando todo estresse de uma semana conturbada, mas tem algo ainda mais especial: uma seringueira muito grande no meio do sitio. Seu tronco não consegue ser abraçado por uma pessoa só, as suas raízes devem ser muito profundas, a copa, pra mais de sete metros de altura, acho que ninguém nunca chegou até o topo daquela árvore. E eu me questiono: quanto tempo deve ter demorado para que ela chegasse aquele tamanhão todo? Certamente muitos anos; Na nossa caminhada não é diferente.
Temos o costume de comparar as nossas vidas a vida de outros irmãos em Cristo (isso não é errado quando nos impulsiona a sermos melhores), mas, em alguns momentos, isso faz com que queiramos crescer antes do tempo propicio. A palavra de Deus nos diz que há um tempo certo para cada coisa (Ec 3:1) inclusive para plantar e colher (Ec 1:2b). Deus planta a nossa semente para que possamos frutificar no momento oportuno, mas muitas vezes pensamos que somos como os tomates da Colheita Feliz onde é só colocar o agrotóxico mágico que frutificamos em dois minutos.
No processo de frutificação passamos por lutas físicas e principalmente espirituais. Enquanto pequenos, disputamos território com os “frutos daninhos” ou com os insetos que tentam nos enfraquecer e acabar com a nossa semente, depois disso, lutamos pela sobrevivência contra as chuvas e vendavais que tentam nos desestabilizar, por fim, precisamos nos alimentarmos adequadamente dos nutrientes presentes na Palavra e na oração, para que assim, possamos ser como um ramo frutífero, firme na videira do Senhor oferecendo um fruto de qualidade, no tempo devido. O processo de frutificação pode ser duro, angustiante, inquietante, pode nos trazer desesperança, mas não adianta sermos uma melancia grande, cheia de fertilizantes mundanos e sem sabor, é melhor esperar o tempo certo da colheita, ser regado pela água viva (Jo 4:13-14) e oferecer os melhores frutos que Deus quer que ofereçamos.
Os frutos de Deus podem demorar, mas tem um sabor único, fruto insipido qualquer agrotóxico reproduz.
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