Confie, no início, meio e fim

Sem dúvida, ganhar ou receber bênçãos, sejam elas quais forem, é uma dádiva que contribui para a nossa felicidade. Para nós cristãos essas bênçãos procedem daquilo que chamamos de: processo de oração. Uma vez que Cristo nos ensinou a orar e nessa oração há um direcionamento sobre os nossos passos: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6:10). A afirmação explicita na oração sobre a vontade de Deus é a mesma que toma conta das nossas necessidades e petições, demonstrando que a vontade do Pai será decretada sobre a nossa. Esse processo não é constituído de um caráter condicional, pelo contrário, outrora, o Cristo afirmou: “...Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15:5). Davi, homem segundo o coração de Deus, foi um dos servos de Deus que entendeu e valorizou o processo de oração na sua vida. Ele disse: “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão” (Sl 37:23-24).

Dito isto, percebemos que, quando Cristo (o centro da nossa oração) convida aos discípulos a entrarem no barco e passarem para o outro lado da margem, percebemos nessa narrativa a expressão mais autêntica que a vida nos propõe, a saber, as diversas fases existenciais. Porém, para Deus, não são fases por fases, essas fases apresentam um caráter de maturação espiritual e humana. Observemos pelo menos duas delas: (1) “E, naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes: Passemos para outra banda.” (Mc 4:35) – Nesse momento, as águas estavam calmas e o barco estava sobre o controle dos discípulos, afinal de contas, estavam no início da margem. (2) “E levantou-se grande temporal de vento e subiam as ondas por cima do barco de maneira que já se enchia.” (Mc 4:37) – Podemos observar um momento conflituoso e preocupante, afinal, as águas estavam agitadas, acompanhadas de um temporal de vento.

Muito comum às nossas vidas, guiadas pelas emoções que as fases da vida carregam, somos selados como incrédulos por deixar que as fases da vida permitidas por Deus, tomem o lugar que não deveriam tomar e, assim como águas do terror enchia o barco dos discípulos, são os medos enchendo os nossos corações, as dúvidas, o desânimo, as reclamações, que afundam a nossa fé. O autor aos Hebreus nos ensina a enfrentar esse momento: "Sem duvidar, mantenhamos inabalável a confissão da nossa esperança, porquanto quem fez a promessa é fiel" (Hb 10:23). Repito, impossível não temer, não chorar. O problema, talvez, seja permitir que tudo isso faça o nosso coração achar que Deus quer nos maltratar ou até nos matar: “Mestre, não te importa que pereçamos?” engano nosso, a vontade de Deus é somente amadurecer os teus servos e dizer como Paulo depois de diversas fases falou: “Tudo posso naquele que me fortalece.” (Fp 4:13). Meu encorajamento é que a mesma intensidade que nós oramos para iniciar ou pedir algo a Deus seja a que tenhamos para os desestímulos que talvez esse algo produza em algum momento, pois assim, através da oração ele nos mostrará a sua presença confortadora descrita no livro de Isaías cap. 43:2-5: “Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate, a Etiópia e Seba por ti. Enquanto fostes precioso aos meus olhos, também foste glorificado, e eu te amei, pelo que dei os homens por ti, e os povos pela sua alma. Não temas, pois, porque estou contigo.”

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